terça-feira, 10 de novembro de 2009

Os Fantasmas...



Não gosto de ir a velórios, muito menos a enterros. Lugares assim me fazem lembrar que pessoas não são eternas, que quem amo não viverá pra sempre...

...Não sei, mas acho que é muito mais fácil aceitar a sua morte, caso saiba que está condenado a morrer logo, do que aceitar a morte de um amor, seja ele em qual grau de parentesco for.

Por esse motivo não costumo ir a tais lugares.

Esse ano houve uma exceção e após muito tempo sem pisar num velório e cemitério, fui. Totalmente por amor a quem precisava estar lá e que pode contar com meu apoio sempre, pois é assim que me dedico a quem amo de verdade.

Lá, com o cheiro adocicado das coroas de flores, sentindo o inconveniente calor que fazia, vendo caixões entrando e saindo, carregados por gente de expressão triste e cansada, pensando sobre como a vida é breve e como devemos valorizar cada momentinho com as pessoas a nossa volta, a constatação palpável que um dia quem amo irá embora foi me deixando quase anestesiada.

Nesse tipo de ambiente fico imersa num emaranhado de emoções complexas sobre o que acredito (e tenho fé), a saudade que sentirei um dia, a sensação de vazio e como o falta de contato físico vai me deixar triste, arrasada.

Sem ação, ofereço um abraço a quem vejo que precisa tanto e que é a única coisa que poderia oferecer. Palavras, nesses momentos em que tudo está em carne viva e que a dor grita e se contorce dentro de nós como um bicho acuado, não possuem peso suficiente... palavras são melhores absorvidas e aproveitadas num momento posterior, quando já se criou uma casquinha fina sobre a ferida que a morte deixa em cada um de nós.

Então, por isso, posso afirmar que pra mim, o filme Os Fantasmas de Scrooge é quase um filme assustador.

Um filme muito além de engraçadinho(como as propagandas nos faz crer com seus momentos de voozinhos do Scrooge agarrado a um dos fantasmas). É uma obra que nos faz meditar, não sobre o natal (pelo menos não pra mim), mas sobre a vida que levamos.

Creio que não é preciso esperar o dia 25 de dezembro de cada ano pra repensar no que está errado e correr atrás de consertar. Todo dia há que se fazer um esforço pra isso. Todos os dias há brigas entre amigos e parentes, há fome, há guerra, há morte por violência e coisas do tipo. Não deveria ser só nesse dia que as pessoas parassem pra avaliar o que estão fazendo de suas vidas tão breves e tão efêmeras.

Então, avalio esse filme (baseado num livro de Charles Dickens) como um filme com leves pitadas de terror, se você é alguém que já parou pra pensar no que falei acima.

Pras crianças certamente nada novo: efeitos em 3D que trás a ilusão divertida de que a neve cai dançando em frente ao seu nariz, quase dá pra senti-la, os fantasmas uma visão interessante, por vezes divertidas (com exceção do fantasma futuro, talvez, pela maneira como é apresentado)... pequenas sutilezas neles que somente adultos pensariam a respeito e saberiam para que serve (como o efeito usado nas falas do fantasma do passado... que como uma chama, pronuncia as palavras como tal), pras crianças (e confesso pra muitos adultos também ^^’) é como se ele simplesmente estivesse fazendo graça...

Não falarei muito a respeito dos tais fantasmas, apenas que eles nos fazem pensar e que isso, num filme como esse é muito relevante já que a proposta não é apenas mostrar o Scrooge fazendo caretas sob a voz de Jim Carrey.

Resumindo, uma obra que para muitos será mais uma sessão da tarde coberta de 3D e pipoca, pra outros uma história por vezes assustadora e meditativa.

Ah, e claro! Sobre a dublagem... não posso me ater muito a esse aspecto, já que como esposa de quem sou, soaria suspeito. Mas digo que está muito boa!

As escalações condizem com os personagens e as dobras são necessárias para o sentido da história... aliás, algumas dobras vocês nem mesmo perceberão. ^^

E ah, vá! O Gui fazendo o Scrooge... gente! Na primeira fala achei que era outra pessoa! Ficou realmente... velho. : )

Bão, chega de rasgação de seda e pensamentos mórbidos e me digam agora vocês que já viram o filme... o que acharam? : )


***

4 comentários:

Leo Luz disse...

Fran, é o @leofluz e adorei o texto.

Não conhecia o filme/ livro até ler que ele iria estreiar. Confesso que fiquei interesso por ter o Jim Carrey, em um papel no qual não vemos seu rosto. Isso é interessante, de certa forma.

Após seu texto, me identifiquei ainda mais, pois também não sou adepto a velorios e cemitérios. Se possível, evito ao máximo, a não ser que precisem de apoio ou sejam de entes queridos mesmo.

Avalio a minha vida a cada dia que passa e gosto de imaginar 1 ou 2 anos a frente para ter um caminho a seguir.

Parabéns novamente pelo texto. Vamos ao próximo!

Yuna disse...

cara, você falando desse filme me deixa cheia de vontade de assistir... sou louca demais por animações cheias de sentido, que fazem a gente pensar... é delicioso... apesar de saber que é meio triste pensar em coisas como morte e despedidas... mas eu sempre levo a premissa de tentar ser legal com as pessoas que amo o maior tempo possível... pra nunca correr o risco de deixar uma ponta solta caso eu não consiga me despedir delas...

David disse...

Uma das coisas que a gente aprende estudando a Jornada do Herói é que ela é uma metáfora da nossa jornada da vida.

A grande mensagem que ela passa, no fim das contas, é que o segredo para se ter uma boa vida é buscar a nossa felicidade.

É incrível como a maioria das pessoas prefere ser infeliz numa zona de conforto do que lutar pela sua felicidade.

Karol_pasciano disse...

Ah, eu curti de certa forma o filme, me deixou me deprê a principio XD já q estava toda animada para ver um filme da disney, e ele já começa com morte...XD
mas gostei da moral da história, q nos faz pensar e refletir melhor sobre a vida e nossos papéis nela =)
Achei um pouco assustador na parte do fantasma do futuro (acho q dará pesadelos a mts criançinhas XD), mas no geral eu achei q foi um filme legal =D acho q seria um 8 de 10 =P